1. Qual o propósito do Agroideal?
Agroideal foi construído como uma ferramenta pré-competitiva para auxiliar todos os atores envolvidos no setor da soja no planejamento da compra, investimento e expansão sustentável da produção na Amazônia, Cerrado e Chaco da Argentina. Nosso principal propósito é diminuir a lacuna de conhecimento sobre as regiões com o propósito de integrar ao planejamento do setor os compromissos socioambientais assumidos pelo setor e dar subsídio à avaliação de novos desafios de sustentabilidade que surgirem. Esperamos que não apenas os atores diretamente relacionados ao setor, mas a sociedade em geral, se favoreça das informações aí contidas. Dentro do espírito de criar uma inteligência territorial coletiva, o Agroideal surge como uma ferramenta para auxiliar a sociedade a planejar o uso do solo de forma sustentável.
2. Posso utilizar o Agroideal para avaliar o impacto de assumir um compromisso socioambiental na minha estratégia de negócios?
Sim. O Agroideal traz uma série de indicadores socioambientais que permitem ao usuário avaliar qual o estoque de áreas que estão em risco em relação à diferentes compromissos: Moratória da Soja na Amazônia, Lista do Trabalho escravo, além de outras iniciativas que são discutidas para o setor. Por exemplo, se uma trader está planejando expandir sua carteira com clientes que assinaram a “Declaração de Apoio ao Manifesto do Cerrado”, no Agroideal ela pode, dentro das áreas que atendem os requerimentos de produção e produtividade da estratégia de negócios (eixo das oportunidades econômicas), avaliar qual o estoque de áreas que estaria sob risco segundo o compromisso de zero conversão de áreas naturais no Cerrado. Neste caso, especificamente os indicadores de vegetação natural cruzados com aptidão agrícola foram desenvolvidos para avaliar o risco de comprar soja plantada em áreas recentemente convertidas. Quanto maior o estoque de áreas de vegetação nativa apta, maior o risco de não conformidade com o compromisso naquela região. Assim, uma empresa pode avaliar, dentro das suas regiões de atuação, onde existe maior risco reputacional de assumir o compromisso e trabalhar em estratégias para minimizar os riscos dentro dessa região. Avaliando o risco em todas as regiões de atuação, a empresa pode apresentar planos de implementação do compromisso que se adequem a sua capacidade operativa.
3. Posso fazer monitoramento da minha cadeia de fornecedores com essa ferramenta?
Não. Para realizar o monitoramento da cadeia de fornecedores são necessários mapas e informações em escala adequada para avaliar as mudanças no uso e cobertura do solo dentro das propriedades, a fim de garantir exatidão no processo de bloqueio de um fornecedor. Esses sistemas de monitoramento trabalham em escala local (da fazenda). O monitoramento de fazenda geralmente é realizado por empresa especializada em geotecnologias, fazenda a fazenda, com exatidão no mapeamento da cobertura do solo e da localização dos fornecedores. O monitoramento da fazenda é feito com uma série histórica de imagens de satélite que permitem avaliar as alterações no uso da terra e seus impactos ao longo dos anos.
O Agroideal, ao contrário dos sistemas de monitoramento de fazenda, possui um conjunto de mapas, atualizados anualmente em sua maioria, adequados para o planejamento do uso do solo na escala regional, como bioma, meso e microregiões, estados, municípios e grandes regiões dentro dos municípios.
4. Quando devo usar o Agroideal?
Você pode usar o Agroideal sempre que precisar tomar uma decisão sobre investimento regional na compra e expansão da produção de soja com o menor impacto socioambiental possível. É um sistema para dar subsídios, com dados geográficos qualificados, à sua decisão de em que regiões investir ou que ações tomar para minimizar impactos ambientais na região. O foco é o planejamento de médio a longo prazo, para definir as regiões com menor risco socioambiental para o seu negócio.
O Agroideal pode ser utilizado nas discussões de planejamento estratégico, bem como em avaliações rápidas de risco. O cruzamento dos mapas da aba CAMADAS auxilia em decisões rápidas baseadas na caracterização das regiões. Por exemplo: Onde encontro maior estoque de áreas abertas aptas para a soja?
Já na aba de ESTRATÉGIAS o sistema realiza análises multicritérios onde é possível responder questões mais complexas, que envolvem diferentes indicadores econômicos e socioambientais. Por exemplo: Quais as regiões com alta produção de soja de onde posso comprar e com maior estoque de áreas abertas para investir em expansão, mas com menor risco de conflitos fundiários e legalizadas no CAR?
5. Qual o diferencial da ferramenta para as outras já existentes?
O Agroideal é a primeira ferramenta para auxiliar o setor do agronegócio no planejamento sustentável de compra, investimentos e expansão sustentável do setor. Ela difere da maioria das ferramentas existentes por congregar em um mesmo sistema informações sobre produção e oportunidades econômicas de expansão sustentável, principalmente sob áreas aptas abertas. Outro diferencial é que todas as informações existentes foram sugeridas, discutidas e selecionadas por especialistas do setor, para transformar o Agroideal em uma ferramenta de inteligência espacial pré competitiva.
O Agroideal é a primeira ferramenta online, aberta e gratuita para auxiliar as equipes de sustentabilidade a avaliem previamente os riscos associados aos planos de negócio das empresas, atuando no momento adequado para reduzir os impactos socioambientais das empresas e, consequentemente, os riscos reputacionais relacionados aos compromissos assumidos publicamente.
Mais do que um mapa estático de risco, o Agroideal utiliza o princípio das análises multicritério para criar um mapa de exposição ao risco socioambiental totalmente customizado pelos usuários de acordo com a sua percepção de risco ou políticas de sustentabilidade, permitindo assim que todos os atores da cadeia usufruam do sistema.
6. Posso confiar nas informações de produção de soja?
Os dados de produção e produtividade de soja existentes no Agroideal são os valores médios da produção e produtividade da soja, entre o período de 2000 a 2015, provenientes do projeto Produção Agrícola Municipal (PAM) do IBGE. Os dados são obtidos por meio de questionários preenchidos pelos agentes de coleta do IBGE, que obtém informações de produtores, técnicos, entidades de controle e incentivo da produção e conhecimento próprio da região. Embora sejam dados declarados, é a melhor estimativa de produção oficial que possuímos no Brasil. Informações detalhadas do método utilizado pelo IBGE podem ser obtidas em https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/pam/tabelas e https://metadados.ibge.gov.br/consulta/prnRelatorioPesquisa.aspx?codPesquisa=PA
Os dados de área plantada, no entanto, são provenientes de mapeamento com imagens de satélite realizados pela Agrosatélite Geotecnologia Aplicada para as safras de 2000-2001, 2006-1007 e 2013-2014 para o Cerrado e Amazônia. O mapeamento realizado para a Amazônia foi gentilmente cedido pelo Gibbs Land Use and Environment Lab, coordenado pela Dra. Holly Gibbs da Universidade de Wisconsin-Madison. Detalhamentos da base de dados serão disponibilizadas em publicação científica e disponibilizados futuramente neste site. Representam estimativas mais acuradas da área plantada em relação aos dados declarados de área plantada do PAM. Informações detalhadas do estudo podem ser obtidas em http://biomas.agrosatelite.com.br/#/index.
7. Quem definiu os indicadores existentes na ferramenta?
Todas as camadas e indicadores do Agroideal foram definidos por um grupo de especialistas no setor da soja atuantes em empresas, ONGs, consultorias, associações, institutos de pesquisa e bancos. Foram 18 meses de intensa discussão sobre riscos e oportunidades para a expansão do setor, além de discussões específicas sobre indicadores definidos com base nos riscos e oportunidades, entrevistas com setores de originação e planejamento das empresas e avaliação de uma prova de conceito com discussões internas dentro das empresas comercializadoras de soja. São parceiros dessa iniciativa: Bunge, ADM, COFCO, Louis Dreifus, Amaggi, ABIOVE, Agrosatélite, Agroicone, EMBRAPA, Earth Innovation, IDH, WWF, Rabobank e Banco do Brasil.
8. De quem é a ferramenta, quem construiu e quem coordena?
O Agroideal foi idealizado pela TNC e Bunge, que convidaram atores protagonistas do setor da soja para juntos construírem uma ferramenta pré-competitiva que congregasse informações essenciais e inéditas para o setor. Uma ferramenta que os auxiliasse no planejamento da compra, investimento e expansão sustentável da produção nas principais regiões de expansão da soja; permitindo que os compromissos socioambientais fossem incorporados no planejamento de ações futuras. O Agroideal foi construído por diversas instituições parceiras dessa iniciativa: ADM, COFCO, Louis Dreifus, Amaggi, ABIOVE, Agrosatélite, Agroicone, EMBRAPA, Earth Innovation, WWF, IDH, Rabobank e Banco do Brasil. A TNC coordena o grupo de trabalho e desenvolve a ferramenta em parceria com a Agrosatélite Geotecnologia Aplicada e SuperNova Design com apoio financeiro da Bunge e Gordon e Betty Moore Foundation.
O Agroideal pertence a esse colegiado, que definiu seus requerimentos básicos com o propósito de construir uma ferramenta útil, online, gratuita, customizável, segura e em constante aprimoramento.
Ela é parte do projeto Colaboração para Floresta e Agricultura, uma colaboração entre TNC, WWF e NWF, para estimular a produção de soja e carne livre de conversão de vegetação nativa.
9. Como devo interpretar o mapa final de exposição ao risco?
O mapa de exposição ao risco é o resultado da ponderação das oportunidades econômicas pelos riscos socioambientais dos indicadores que você selecionou para responder a pergunta que você tem em mente. Uma região com classificação de risco mais alta deve ser avaliada com cuidado em relação aos indicadores que você selecionou. No relatório de resultados é possível verificar qual o peso final de cada um dos indicadores selecionados na composição da classe final de risco. Ao identificar o indicador de maior peso negativo, é possível montar estratégias de atuação que minimizem o risco associado a este indicador específico. Por exemplo, se uma empresa possui um grupo de produtores dentro de uma região de risco, algumas ações de monitoramento da produção naquela região podem ser adotadas: 1) Monitoramento mais frequente da conversão de vegetação na região; 2) balanço de produção e produtividade das propriedades para garantir que não há vazamento regional; 3) estimativa da capacidade de produção da região e acompanhamento do volume de compras; 4) solicitação do Cadastro Ambiental Rural e incentivo à obtenção do Programa de Regularização Ambiental (PRA), Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas e/ou Alteradas (PRADA) e Cotas de Reserva Ambiental (CRA), entre outras.
10. Devo evitar as regiões com maior classificação de risco?
Não necessariamente. A ideia do Agroideal é fornecer um indicador de oportunidades e riscos ponderados, de forma a apoiar a tomada de decisão sobre como atuar em uma região. O mapa final não deve ser considerado como um mapa de que áreas devo ou não devo investir. Ele foi idealizado para apoiar na tomada de decisão, não para definir uma posição para o setor. Por ser uma ferramenta de inteligência territorial, sua meta é a valorização dos territórios como espaços de planejamento e ação social, com a construção de uma inteligência coletiva para definir ações futuras de uso do solo.
Com base nos indicadores que mais contribuíram para a definição de um grau alto de risco (laranja e vermelho), o usuário pode desenvolver estratégias de atuação na região que minimizem seu risco, sempre tendo em mente seus compromissos socioambientais. Essa definição de estratégias de mitigação pode ser adotada toda vez que a região apresentar alta oportunidade econômica e alto risco socioambiental.
Por exemplo, considere uma região com um estoque alto de áreas aberta aptas, ideal para se desenvolver um programa de financiamento, por traders ou bancos, destinado ao estimo à produção em áreas já abertas. Essa região, no entanto, apresenta alto risco ambiental relacionado ao estoque de áreas aptas sob vegetação nativa. Ao investir na região, a chance de acontecerem vazamentos para regiões com vegetação nativa aumenta, estimulando o desmatamento e o risco das empresas de comprar produtos não conformes com sua política de sustentabilidade. Como consequência, essas regiões deveriam ser monitoradas mais frequentemente e com maior rigor pelas empresas de monitoramento da compra. Alternativamente, o poder público poderia definir um plano de fiscalização mais intensivo nessas regiões. As associações podem fazer um trabalho mais intensivo de conscientização sobre a produção sustentável. As ONGs podem apoiar os produtores difundindo boas práticas de produção e empresas de geotecnologia podem avaliar quais as áreas mais propicias para produtores estabelecerem novos cultivos nas áreas já abertas aptas, aproveitando as áreas naturais para compor tanto a reserva legal e APP da fazenda, como áreas de ativo florestal na forma de CRA (Cota de Reserva Ambiental). Uma ação coletiva de múltiplos atores em prol de um objetivo comum, de investir no desenvolvimento sustentável de uma região considerada de risco.
11. Todas as estratégias geradas no Agroideal são idênticas para todos os usuários?
Depende. As estratégias só darão o mesmo resultado para usuários distintos se: 1) os mesmos indicadores forem selecionados tanto nos eixos econômicos quanto socioambiental; 2) a seleção de limiares máximos e mínimos forem semelhantes e 3) se os mesmos pesos forem atribuídos aos mesmos indicadores.
As ferramentas existentes no Agroideal foram desenvolvidas exatamente para que diferentes planos de negócios possam ser desenvolvidos, respeitando os diferentes objetivos dos diferentes usuários da ferramenta.
12. As estratégias que salvo na minha pasta pessoal são acessadas por outros usuários?
Não. O sistema não compartilha para outros usuários as estratégias criadas ou salvas por outros usuários. O compartilhamento só é possível se o usuário enviar o link de compartilhamento para terceiros.
13. Com que periodicidade os dados são atualizados?
Os dados são atualizados conforme a disponibilização de bases mais atualizadas pelas instituições fontes, geralmente em base anual. Bases diárias, como os embargos do IBAMA, por exemplo, serão atualizadas mensalmente no Agroideal a partir da versão 2.0.
14. O sistema é aberto? Como foi implementado?
Sim, o Agroideal é um sistema aberto que permite integração com outros sistemas. O back-end foi desenvolvido na linguagem Python utilizando o Framework Flask e o front-end nas linguagens html e javascript, utilizando o Framework Angular JS e a biblioteca OpenLayers. O servidor de banco de dados é o PostgreSQL com a extensão PostGIS e o servidor de mapas é o MapServer. Nosso site utiliza o Framework WordPress nas linguagens html e javascript. Toda nossa estrutura está configurada em servidores Amazon Web Service (AWS).